BRASIL 1: Como se faz uma reunião para discutir as bases de um projeto de governo do país.
Capa do jornal “O Estado de São Paulo”, edição de 20/02/2010, traz a foto dos palhaços “Charles e Tchutchuca” juntos ao petista José Dirceu.
A legenda explica tudo: “ANIMAÇÃO: “Chales” e “Tchuchuca”, contratados para alegrar o congresso do PT, com Dirceu: “A gente intervêm quando o clima fica quente.”
Uma dúvida: que país sério possui um partido politico que contrata palhaços para um congresso onde se discute o nome do próximo candidato à presidência da República e as bases de seu projeto de governo?
Um desabafo: qualquer um de nós, cidadãos deste país, poderia ter sido convocado para esta função, uma vez que somos tratados como verdadeiros palhaços pelos políticos.
BRASIL 2: As bases necessárias e importantes para o desenvolvimento de uma nação digna, coerente, justa e correta.
Grandes bases do projeto de governo aprovadas neste mesmo congresso:
“As mudanças pregam o combate ao monopólio dos meios de comunicação, cobrança de impostos sobre grandes fortunas, apoio incondicional ao polêmico Plano Nacional de Direitos Humanos e jornada de trabalho de 40 horas semanais sem redução do salário. Na tentativa de se aproximar do Movimento dos Sem-Terra (MST), o plenário petista também deu sinal verde para encaixar na plataforma da campanha de Dilma a atualização dos índices de produtividade para efeito de reforma agrária. Intitulado A Grande Transformação, o documento manteve o mote do projeto nacional de desenvolvimento, com ampliação do papel do Estado na economia e fortalecimento dos bancos públicos.
O controle da mídia foi aprovado no eixo das diretrizes que tratam do acesso à comunicação. O trecho que passou pelo crivo do congresso diz que as medidas para promover a democratização da comunicação social devem ser voltadas para "combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento".
Ao fazer questão de destacar na plataforma de Dilma a defesa do Plano de Direitos Humanos, o PT também incluiu no texto o apoio à Comissão da Verdade para "esclarecimento público dos casos de tortura, assassinatos e desaparecimentos políticos".
Além do Plano de Direitos Humanos, outra emenda que promete polêmica diz que as Forças Armadas devem respeito à "diversidade homoafetiva". Por pouco não passou, também, a retomada do monopólio do petróleo.”
Considerações:
(1) O texto mostra que o PT claramente quer a todo o custo a aprovação do Plano Nacional de Direitos Humanos que, apesar de um nome bem bonito, beneficia em sua grande maioria pessoas que participaram de sequestros e atentados durante a ditadura militar.
É importante notar que este plano traz, em nome da “justiça”, uma grande investigação e punição aos militares que agiram durante a ditadura, mas não fala absolutamente nada contra os guerrilheiros que, em nome da defesa do país, também torturaram e mataram.
(2) Essa era a estratégia do PT desde a primeira eleição de Lula (ou antes até): aproximar-se do MST. Não podemos deixar de lado a causa dos que realmente são sem-terra, porém o movimento em si já demonstrou que não tem isso como visão clara e sim, tomar posse e mais posse de terras, julgando eles mesmos quais são produtivas e quais não são. Como de ambos os lados existem pessoas interessadas em usar a força, têm sido frequentes os confrontos e mortes, bem como o armamento desnecessário de ambos os lados.
(3) Ampliação do papel do Estado na economia: será que o plano é voltar, retroceder anos de avanço neste campo? Lembrando que o presidente Collor foi muito criticado quando abriu a economia, iniciando pela indústria automobilística que, ao contrário do que pregavam aqueles que queriam manter o controle sobre esta, ficou fortalecida e não morreu como anunciavam.
Junte-se a isso a idéia da retomada do Petróleo, também proposta nesse encontro e mais um indício de estatização da economia.
Queremos seguir o caminho de Hugo Chavez?
(4) Controle da mídia: isso é um ponto extremamente perigoso, pois usando o pretexto de balancear o mercado ou mesmo permitir o acesso aos mais carentes, o Governo começa a ter o poder de manipular a informação e mesmo monitorá-la bem mais de perto, cerceando a libertade de expressão de todos.
Queremos seguir o caminho da China?
BRASIL 3: Auto análise coerente do passado e presente para projetar as ações do futuro
Veja o que o presidente do país tem a dizer sobre a atuação do partido criado por ele mesmo, durante seu governo e sobre o escândalo que abalou o país em 2005 – Mensalão:
“PARA PRESIDENTE, MENSALÃO SÓ TIROU ‘UM PEDAÇO DO DEDO’
“Aqueles que queriam acabar com a nossa raça estão acabando e nós nem dissemos que íamos acabar com a raça deles.”
Os ex-presidentes do PT José Dirceu e José Genuíno, réus no processo do mensalão, integram o novo diretório petista e foram quase tão aplaudidos quanto Lula, quando tiveram seus nomes anunciados. (…) “A gente tinha medo de ser abocanhado, mas o máximo que conseguiram foi tirar um pedaço do dedo”, afirmou sob aplausos da platéia, mostrando sua mão esquerda sem o dedo mínimo.
(…) Para Lula, o PT amadureceu e hoje entende a “sabedoria de uma aliança política que foi feita com suor e lágrimas”. (…) o presidente parecia estar disposto a esquecer todos os desvios éticos da legenda, embora diga que quando deixar a presidência vai passar a limpo o escândalo do mensalão.
(…) O presidente afirmou que quando deixar o Planalto, em janeiro de 2011, quer voltar a participar das reuniões do PT. “Mas fiquem tranquilos porque eu não vou disputar nenhum cargo”, brincou. “Quero participar da integração política do nosso continente.”“
Considerações:
Parece que não há, de fato, interesse político em se punir os envolvidos no mensalão. Os mais atentos lembram-se que em 2005, no auge da crise, as tentativas de abafamento deste caso foram muitas e quando houve o afastamento de algumas figuras do PT do governo, ficou clara a intenção de tornar o caso “página virada”, já que o povo brasileiro (infelizmente) não tem memória.
Resta aos órgãos de impressa, polícia e judiciário não deixarem que o caso vire pó, mostrando ao povo que realmente há justiça no país.
BRASIL 4: Cenas de um congresso
Apenas um pequeno texto, tirado da mesma fonte, que mostra um pouco do “ambiente cultural e econômico” do congresso do PT.
“[A corrente esquerda Marxista do PT] Teve ainda que encarar uma realidade capitalista: montar sua banquinha para vender livros, revistas, jornais e camisetas com os ideários marxistas da corrente ao lado de outras de rapadura, azeite de babaçu e cachaça, de bolas de futebol de times populares como Flamengo e Corintians, ou com a estrela do PT, xícaras com a foto de Lula, produtos da agricultura familiar, artesanato e revistas “burguesas”, como a Carta Capital, ou alternativas como Caros Amigos.
(…) Na feira havia também vendedores de filmes piratas, mas de temática engajada. A diferença é que ali cada DVD custava R$ 10,00. Nas ruas de Brasília com o mesmo dinheiro é possível comprar três piratas.”
Considerações:
A partir de hoje vou procurar comprar meus filmes em bancas montadas em eventos como este.
Estamos diante de um momento político bastante decisivo no Brasil. Desde o final do regime militar (por volta de 1988), o país vem tentado construir uma democracia, onde direitos e deveres são respeitados.
O quadro atual é triste: educação, saúde e segurança, bases da atuação e responsabilidade do Estado, bem como fatores primordiais para o desenvolvimento do país, estão largados e não tem a devida atenção. Ao invés disso, o governo se preocupa com programas assistencialistas (não assistenciais) que premiam aqueles que cumprem metas. De outro lado, sua preocupação está na retomada do controle estatal pelas bases da economia, ou seja, combustíveis e finanças.
Não espere que a situação vá melhorar, enquanto não tivermos a consciência política de escolher nossos dirigentes não pelo que dizem que vão fazer, mas pelo que fizeram até aqui e também para cobrá-los, quando estiverem lá.
Somente o povo que não se acomoda ao que lhe é dado e que cobra seus representantes conscientemente, pode ver o seu país crescer.
Todos os textos estão disponíveis em sua íntegra no jornal O Estado de S Paulo, edição de 20/02/2010.
Os grifos e referências são do editor.